Meu relato de parto

Pouco mais de 1 semana do nascimento da Martina e já parece que faz 1 mês

Pouco mais de 1 semana do nascimento da Martina e já parece que faz 1 mês. Como a vida mudou desde que ela chegou! Agora tudo está diferente! Tem uma alegria e um cheiro novo no ar.  Compartilho aqui minha experiência como obstetra e viver a experiência de gestar. A maternidade chegou para me mostrar que não temos controle sobre tudo e as coisas acontecem como Deus propõe e não como desejamos. 
Planejei engravidar e tentei seguir o que eu sempre orientei para minhas pacientes. Procurei uma nutricionista especializada em cuidado materno-infantil e desde a pré-concepção já segui a dieta proposta. Mantive fazendo atividades físicas, academia e pilates até 32s por causa do Covid, mas mantive fazendo Yoga, exercícios de fisioterapia pélvica e caminhadas até o dia anterior ao nascimento da Martina. 
Escolhi minhas obstetras (sim tínhamos duas) uma grande amiga, minha preceptora, que me ensinou muito sobre obstetrícia e sobre humanização do atendimento. A outra também minha grande amiga, minha parceira de residência e de consultório. As duas minhas comadres. Fiz o pré-natal bem completinho, acompanhei com todos os exames de ultrassom realizados pela minha outra amiga e colega de consultório especialista em medicina fetal. Tentei manter mente e corpo saudáveis para a Martina ter o melhor ambiente possível para nascer. Graças ao esforço do papai, das minhas amigas e da família que não mediram esforços mesmo no isolamento para se fazer presentes e ocupar a cabeça com coisas saudáveis e legais. Assim fomos até a data provável do parto, desde o início sonhava com o parto normal, por via baixa por assim dizer, estava preparada física e psicologicamente. Não podia mais fazer nada, fizemos acupuntura, aromaterapia, chá de tudo quanto é coisa, abacaxi, tâmaras, danças, agachamentos, descolamento de membranas, crustáceos, tudo que tem evidência científica e todas crendices possíveis. Mas a Martina tinha direito de escolher e optamos por internar no dia 18 de maio para induzir, tinha definido que não induziria por causa da pademia e por saber que com colo desfavorável a chance era de acabar virando cesárea mesmo.
Vivi uma experiência inexplicável! Realmente não é fácil passar por uma gestação. São muitas informações, opiniões externas e oscilações hormonais. Então nesse dia 18,  internei pela manhã no hospital onde eu trabalho, fizemos uma cardiotoco e tentamos realizar uma amnioscopia, sem sucesso.
O que podemos chamar de humanização do parto eu tive, em um local confortável, com pessoas que eu confio no trabalho e com quem me ama por perto. Se eu consegui o tão sonhado parto? Não, não pude viver essa experiência, não dessa vez. Às 17h, comecei a ter contrações efetivas, às 18h a bolsa rompeu! Eu estava rodeada de gente querida, toda rede de apoio possível. Fiz uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor e estava até então aguardando o próximo toque para ver a evolução. Às 19h, as dores eram muito fortes e na avaliação o colo não havia modificado, já estávamos definidas que se não houvesse evolução iríamos pra cesárea, nessa hora já estava na famosa ‘partolandia’ e não aguentava a dor. Queria que a Martina ficasse bem e que a situação se resolvesse logo.
Martina nasceu às 19h35, em uma cesárea cheia de amor e indicação. Foi colocada em meus braços e mamou no peito na primeira hora. Desde esse dia, estou amamentando apenas no peito. O amor que sinto é maior a cada dia e não, não tem como explicar! Vou pagar muitas coisas que julgava e falava porque é muito difícil ficar longe desse cheirinho e dessa lindeza.

Laura Zanella Caús